No último dia 29 de julho de 2022, 9.300 doses da vacina Pfizer do laboratório BionTech contra a Covid-19 tiveram que ser descartada pela Secretaria Municipal de Saúde de Marabá no sudeste paraense. Esse foi o prazo final de vencimento do imunizante. De acordo com o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, em entrevista ao Financial Times, cada dose dessa vacina custa em média 19,50 Euros, o que dá, em conversão direta para o Real, R$ 104,51, por ampola.
Ou seja, Marabá jogou no lixo, R$ 971.943, ou quase um milhão de reais de vacinas contra o coronavírus.
Gonzalo Vecina, professor de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, considera inaceitável o vencimento dessas doses. "É um absurdo jogar a vacina no lixo, não só porque nós precisamos como temos muitos países no mundo, como os africanos e aqui na América Latina vários, como, por exemplo, o Haiti e a Bolívia, que não têm vacina para proteger a sua população. E nós vamos jogar vacina no lixo por imprevisão das autoridades sanitárias", afirma.
Segundo ele, falta campanha de alerta para a necessidade da vacinação completa. "As pessoas não têm atendido a esse chamado porque não tem acontecido esse chamado. Hoje, praticamente nenhuma das três esferas de governo está convocando as pessoas para vacinar. A vacina contra a Covid não protege de ter a doença, mas protege de morrer da doença. É fundamental fazer o esquema vacinal completo", ressalta.
Desde o início da pandemia, Marabá registrou 25.691 casos de Covid-19 e 535 óbitos, desde março de 2020. As últimas três mortes causadas pela doença no município ocorreram nos dias 11, 21 e 24 de julho.